Acidigital
O governo da Síria caiu no domingo (8), o que marcou o fim do governo de 50 anos da família Assad no país, derrubada por insurgentes liderados pelo grupo rebelde islâmico Hayat Tahrir al-Sham.
O vigário apostólico de Aleppo, dom Hanna Jallouf, líder da Igreja latina no país, falou sobre suas reflexões sobre o que ocorreu no país à ACI Mena, agência de notícias em árabe da EWTN News. O bispo disse que não esperava que Aleppo caísse nas mãos da oposição ao regime de Bashar al-Assad, que foi presidente do país desde 2000, sucedendo seu pai Hafez Assad, nem que o regime fosse ser derrubado em dez dias.
“Inicialmente, estávamos com medo porque esse cenário era totalmente desconhecido”, disse o bispo. “Felizmente, houve garantias de que os cristãos [vão continuar] a ser parte integrante do tecido social da Síria, com compromissos de trabalhar colaborativamente na reconstrução de nossa nação. Recebemos garantias de que nossas igrejas e propriedades permaneceriam intocadas”.
“Espero que todos recebam seus devidos direitos. Vivemos sob opressão e sofrimento por muitos anos. Muitas pessoas morreram, muitas foram deslocadas ou presas. No entanto, rezamos por um novo amanhecer neste país. Não esqueçamos que hoje é a festa da Imaculada Conceição e, pela intercessão da Virgem Maria, chegamos a este momento de alegria. Os sinos de nossas igrejas soaram em Aleppo e, pela primeira vez em quase 13 anos, soaram novamente em Al-Quniya”, disse dom Jallouf no domingo (8).
Dom Jallouf discursou para a liderança da Síria e para a comunidade internacional.
“Rezo para que o Senhor fortaleça os futuros governantes enquanto trabalham para construir uma nova Síria, uma nação que incorpore sua identidade histórica e cultural como berço da civilização e um farol para as nações”, disse o bispo. “O foco deve estar na reconstrução da infraestrutura e na restauração de serviços essenciais, especialmente o acesso a recursos hídricos e energéticos”.
Dom Jallouf disse também: “Aos que tomam decisões ao redor do mundo, peço que nos ajudem a reabrir estradas internacionais e facilitar rotas comerciais para que a vida possa voltar ao normal. Também peço o levantamento das sanções econômicas à Síria. Essas sanções não afetaram aqueles no poder, que têm acesso a tudo, mas devastaram as pessoas comuns. Elas suportaram o peso desse fardo injusto. Por fim, peço às principais nações que nos apoiem na reconstrução do nosso país, não para nos dar o impossível, mas simplesmente para nos ajudar a voltar à estaca zero”.
O bispo concluiu com uma mensagem aos cristãos, ao pedir que eles abandonem o medo.
“O sol da liberdade nasceu sobre a Síria hoje”, disse dom Jallouf.
“Somos parte desta nação e estamos profundamente enraizados nela. Não esqueçamos que o cristianismo se originou nesta terra, e foi aqui em Antioquia que os crentes foram chamados pela primeira vez de cristãos. A todo o nosso povo, eu digo: voltem para suas casas e seu trabalho. A vida deve seguir em frente. Que o Senhor abençoe e proteja a todos e nos dê líderes que possam guiar a Síria para praias seguras”.