“A vida espiritual do cristão não é pacífica, linear, sem desafios; pelo contrário, a vida cristã exige um combate constante: o combate cristão para conservar a fé, para enriquecer os dons da fé em nós”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (3).
Com o tema “combate espiritual”, Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre vícios e virtudes diante de milhares de fiéis reunidos na aula Paulo VI, do Vaticano.
No batismo, disse o papa, a unção catecumenal “anuncia simbolicamente que a vida é uma luta” e que “deve descer à arena, pois a vida é uma sucessão de provações e tentações”.
Para o papa, todos, inclusive os santos, enfrentam tentações e “se alguém se sente bem, sonha”, porque cada um de nós “tem muitas coisas a corrigir”.
Durante a saudação aos peregrinos de língua espanhola, o papa destacou essa ideia ao dizer que “aquele que considera que já atingiu um certo grau de perfeição, que não necessita de conversão, que não necessita de confessar ou que ele não vale o esforço, vive na lua, vive no escuro”.
No decorrer do texto principal da catequese, e em referência àqueles que têm dificuldade em dizer os seus pecados na confissão, o papa Francisco recomendou “um pequeno exame de consciência” contra “o risco de viver nas trevas” e não distinguir o bem do mal.
Sobre o sacramento da reconciliação, recordou ainda que é “nos piores momentos” que “Jesus está ao nosso lado para nos ajudar” porque “nunca se esquece de perdoar” enquanto “somos nós, muitas vezes, que perdemos a capacidade de pedir perdão”.
Retomando o tema do combate contra as tentações, o papa Francisco recordou que depois do Batismo no Jordão, o Senhor retirou-se para o deserto, onde Satanás tentou seduzi-lo. “Por que o Filho de Deus deve conhecer a tentação?” perguntou o papa, para responder: “Jesus se mostra solidário com a nossa frágil natureza humana”.
Assim, ele experimentou o que o cristão deve enfrentar: “a vida é feita de desafios, provações, encruzilhadas, visões opostas, seduções ocultas, vozes contraditórias”.
Segundo o papa, as tentações tentam sempre fazer-nos debater entre extremos opostos: “a soberba desafia a humildade; o ódio opõe-se à caridade; a tristeza impede a verdadeira alegria do Espírito”.
Por isso, acrescentou, “é importante refletir sobre os vícios e as virtudes: ajuda-nos a superar a cultura niilista em que os contornos entre o bem e o mal permanecem matizados”.
“O combate espiritual leva-nos a olhar mais de perto os vícios que nos agrilhoam e a caminhar, com a graça de Deus, para as virtudes que podem florescer em nós, trazendo a primavera do Espírito à nossa vida”.
“A guerra é uma derrota”
Durante as saudações dirigidas aos peregrinos de diferentes línguas, o papa Francisco proferiu palavras de carinho para expressar a sua proximidade espiritual aos atingidos pelo recente terremoto no Japão “bem como às vítimas da colisão entre dois aviões ocorrida no aeroporto de Tóquio”.
Também elevou mais uma vez a sua voz pela paz no mundo: “Não nos esqueçamos dos povos que estão em guerra. A guerra é uma loucura. A guerra é sempre uma derrota, sempre uma derrota. Rezemos pela população da Palestina, de Israel, da Ucrânia e de tantos outros lugares onde há guerra. E não nos esqueçamos de nossos irmãos e irmãs Rohingya que sofrem com a perseguição”.