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O Correio Vaticano e o Escritório Filatélico Vaticano emitiram ontem (16) o selo comemorativo para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá em Lisboa, Portugal, de 1º a 6 de agosto. A imagem traz o papa Francisco em um barco junto com alguns jovens. É inspirada no monumento “Padrão dos Descobrimentos”, que homenageia a expansão marítima de Portugal.
O selo foi desenhado pelo artista italiano Stefano Morri e retrata “o papa na proa de um barco, inspirado na caravela do Padrão dos Descobrimentos, que conduz os jovens para o futuro”, diz Vatican News, serviço de informações da Santa Sé. No canto superior esquerdo, está o logotipo da JMJ Lisboa 2023, criado pela designer portuguesa Beatriz Roque Antunez, baseado no tema da jornada: “Maria levantou-se e partiu apressadamente”.
O monumento Padrão dos Descobrimentos fica às margens do rio Tejo, em Lisboa. É uma caravela que tem na proa o infante dom Henrique, “impulsionador da expansão marítima” de Portugal, “e outros protagonistas do império marítimo português”. Foi construído em 1960, “500 anos após a morte do infante, para celebrar a Era dos Descobrimentos portugueses”, incluindo a chegada ao Brasil em 1500.
No selo da JMJ, o papa Francisco aponta para frente e está acompanhado por outros oito jovens, um deles ajoelhado rezando e outra segurando uma bandeira de Portugal.
“Da mesma forma como o timoneiro D. Henrique lidera a tripulação na descoberta do novo mundo, assim também no selo do Vaticano o papa Francisco conduz os jovens e a Igreja, representada pela barca de Pedro, na descoberta desta ‘mudança de época’ – como afirmou o pontífice por ocasião da Conferência Eclesial de Florença, sem se resignar a navegar apenas em águas rasas a ponto de ignorar a realidade do porto que os aguarda”, disse Vatican News.
O selo foi alvo de críticas, associando-o aos tempos do colonialismo português e ao imaginário gráfico do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo, regime político ditatorial que durou de 1933 a 1974, em Portugal.
O bispo português Carlos Moreira Azevedo, delegado do Pontifício Comitê das Ciências Históricas, classificou o selo como de “péssimo mau gosto”. “Certamente o papa Francisco não se identifica com esta imagem nacionalista”, disse, considerando que o selo “contraria a fraternidade universal”.
A porta-voz da Fundação JMJ Lisboa 2023, Rosa Pedroso Lima, disse à agência Lusa que “este é um selo de promoção da JMJ” e que a imagem é uma “espécie de alegoria, a barca de são Pedro e o papa conduzindo os jovens e a Igreja para uma nova época”.
“Outras leituras e outros objetivos são abusivos em relação às intenções expressas pelo Vaticano”, disse.
O selo em formato 48 x 32 mm foi emitido em uma tiragem de 45 mil unidades e custa 3,10 euros (cerca de R$16,60). Não será disponibilizado para venda on-line.