Todos os batizados são chamados a ser apóstolos. Esta missão “não deve dar lugar, no seio do corpo eclesial, a categorias privilegiadas; nem pode servir de pretexto para formas de desigualdade”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (15).
Na Igreja, disse o papa, “não há uma promoção, e quando a vida cristã é concebida como uma promoção, isto é, aquele que está em cima comanda os outros porque conseguiu subir, isto não é cristianismo. Isto é paganismo puro”.
Continuando com o seu ciclo de catequeses sobre a “paixão pela evangelização”, Francisco recordou que todos os cristãos devem ser apóstolos, isto é, “enviados, numa Igreja que no Credo professamos como apostólica”.
Para Francisco, ser apóstolo é “ser enviado em missão” e um aspecto fundamental de ser apóstolo “é a vocação, ou seja, a chamada”.
Ele disse que a “experiência dos Doze” também nos interpela hoje. “Tudo depende de uma chamada gratuita de Deus; Deus escolhe-nos até para serviços que às vezes parecem exceder as nossas capacidades ou não corresponder às nossas expetativas; à chamada recebida como dom gratuito é preciso responder gratuitamente”.
O papa Francisco disse que essa chamada “é comum” e que inclui “tanto aos que receberam o sacramento da Ordem, como às pessoas consagradas e a todos os fiéis leigos, homens ou mulheres, é uma chamada a todos”.
“Tu, o tesouro que recebeste com a tua vocação cristã, és obrigado a doá-lo: é a dinâmica da vocação, é a dinâmica da vida”, disse.
“Quem é mais importante, na Igreja: a religiosa ou a pessoa comum, batizada, a criança, o bispo…? Todos são iguais, somos iguais e quando uma das partes se considera mais importante do que os outros e levanta um pouco o nariz, erra. Não é essa a vocação de Jesus”.
“A vocação que Jesus dá, a todos – mas inclusive a quantos parecem estar em postos mais altos – é o serviço, servir os outros, humilhar-te. Se encontrares uma pessoa que na Igreja tem uma vocação mais elevada e tu a vês vaidosa, dirás: ‘Pobrezinho’; reza por ele porque não entendeu o que é a vocação de Deus. A vocação de Deus é adoração ao Pai, amor à comunidade e serviço. Isto é ser apóstolo, este é o testemunho dos apóstolos.”
Francisco fez algumas perguntas aos fiéis: “estamos conscientes de que, com as nossas palavras, podemos lesar a dignidade das pessoas, arruinando assim as relações dentro da Igreja? Enquanto procuramos dialogar com o mundo, também sabemos dialogar entre nós, crentes?”
“A nossa fala é transparente, sincera e positiva, ou é opaca, equívoca e negativa? Há disponibilidade para falar diretamente, cara a cara, ou enviamos mensagens por meio de terceiros? Sabemos ouvir para compreender as razões do outro, ou será que nos impomos, talvez até com palavras de suaves?”
O papa disse que essas perguntas “podem ajudar-nos a verificar o modo em que vivemos a nossa vocação batismal, como vivemos a nossa maneira de ser apóstolos numa Igreja apostólica”.
Segundo o papa, para ser um bom cristão é preciso “escutar, humilhar-se e servir”.
Solenidade de São José
Durante a saudação aos peregrinos, Francisco recordou que dentro de alguns dias celebraremos a solenidade de são José, “padroeiro da Igreja Universal”.
“Peçamos a Deus a intercessão deste querido santo. Que nos ajude a ser apóstolos fiéis e corajosos, abertos ao diálogo e prontos para enfrentar os desafios da evangelização”.
Vítimas de ciclone no Malawi
Ele também lembrou as vítimas de um ciclone que atingiu o Malawi, país do sudeste da África.
“Rezo pelos mortos, feridos e desconsolados. Que o Senhor sustente as famílias e a comunidade atingida por esta calamidade”, disse o papa Francisco.
Quaresma
O papa também desejou que a Quaresma “seja para vós e para as vossas famílias um tempo de graça e de renovação espiritual; Invoco sobre todos a alegria e a paz do Senhor Jesus”.