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Em números: como a Igreja Católica mudou durante o pontificado do papa Francisco

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Desde que o papa Francisco foi eleito, há dez anos, o número total de fieis da Igreja Católica em todo o mundo cresceu de 1,253 bilhão em 2013 para 1,378 bilhão em 2021, um aumento de quase 10%.

Apesar desse aumento, a Igreja realizou 2 milhões de batismos a menos em 2020 do que em 2013. O número de casamentos diminuiu em 702.246, ou seja, quase um terço. Os crismas e primeiras comunhões também caíram 12% e 13%, respectivamente, apesar dos níveis relativamente estáveis ​​de comparecimento à missa nos 13 países mais católicos do mundo.

Um pesquisador católico disse esta semana à CNA, agência em inglês do grupo ACI, que a maior razão provável para essa queda na participação nos sacramentos não é difícil de adivinhar – três dos 10 anos do pontificado de Francisco foram marcados pelos efeitos mundiais de uma pandemia. Mas essa não é a única razão, diz ele.

“Não sei se o mundo católico mudou tanto quanto o mundo em geral”, diz Mark Gray, pesquisador sênior do Centro de Pesquisa Aplicada no Apostolado (CARA, na sigla em inglês) da Universidade de Georgetown, à CNA.

“A Igreja, o papa Francisco e os bispos tiveram que tentar navegar por algumas mudanças demográficas realmente desafiadoras, bem como pela pandemia. E a Igreja Católica saiu disso melhor do que muitas outras denominações cristãs. Portanto, há boas notícias, mas ainda há muito o que enfrentar. Há um vento contrário, eu diria, contra a Igreja”.

A queda na participação nos sacramentos em todo o mundo não se deve apenas à pandemia, ele alerta, mas faz parte de uma tendência demográfica de declínio de nascimentos. Segundo indicadores de desenvolvimento mundial do Banco Mundial, a expectativa de vida ao nascer aumentou globalmente de 51 anos em 1960 para 72 anos em 2020. Ao mesmo tempo, escreveu Gray, a taxa de natalidade por 1.000 pessoas caiu de 32 em 1960 para 17 em 2020.

“Espera-se que o número de nascimentos diminua anualmente no futuro previsível, sendo eventualmente superado por mortes em 2085, segundo projeções da ONU”, escreveu Gray na quinta (9) em um post de seu blog.

“A população crescerá nas próximas décadas à medida que a expectativa de vida continuar a aumentar, mas ao mesmo tempo os nascimentos irão diminuir e isso resultará em menos batismos, menos primeiras comunhões, menos estudantes e, sim, ainda menos casamentos anualmente apenas pelo número de mudança demográfica que estamos experimentando”.

Gray escreveu que todos os efeitos dos bloqueios pandêmicos da covid-19, que impediram os católicos de todo o mundo de acessar os sacramentos por um tempo, provavelmente levarão anos para serem totalmente quantificados. Ele também alertou que duas das fontes mais confiáveis ​​para o número de católicos têm atrasos significativos em seus dados. O conjunto de dados completo mais recente contido na edição atual do Annuarium Statisticum Ecclesiae do Vaticano é para 2020, embora o jornal do Vaticano tenha publicado um resumo das estatísticas de 2021 no início de março. O Official Catholic Directory, que abrange os Estados Unidos, vai até 2021.

“Qualquer impacto, positivo ou negativo, que o papa Francisco possa ter será ofuscado pelos efeitos da pandemia de covid-19, quando nossos dados mais atuais representam 2020 e 2021”, escreveu Gray.

“Sabemos que, ao analisar os dados da Igreja para esses anos, veremos níveis mais baixos de frequência à missa e prática sacramental com o impacto de bloqueios, restrições e hesitação das pessoas em se reunir em multidões em espaços fechados durante esses dois anos”.

Outros indicadores estatísticos apresentam um quadro misto de crescimento da Igreja em algumas áreas e recessão em outras. Por exemplo, o número total de alunos nas escolas católicas aumentou 7,3% desde 2013.

“Um dos sinais realmente brilhantes para a Igreja é o crescimento da educação católica globalmente; mais jovens do mundo estão sendo educados em escolas católicas do que nos anos e décadas anteriores ”, observou Gray à CNA.

O número de padres diocesanos em todo o mundo parece praticamente inalterado na década do pontificado do papa Francisco, enquanto o número de padres religiosos caiu ligeiramente. O número de irmãs religiosas em todo o mundo sofreu uma maior queda, de quase 11%.

Segundo a Santa Sé, no entanto, o número de seminaristas em todo o mundo vem diminuindo desde 2013. O relatório de 2021 mostra que o número de seminaristas em todo o mundo diminuiu 1,8% desde 2020. As quedas mais acentuadas ocorreram na América do Norte e na Europa, onde o número de seminaristas diminuiu 5,8% em ambos os continentes.

Apesar do crescimento geral do número de católicos em todo o mundo, esse crescimento não foi distribuído de forma uniforme. No geral, a África tem uma taxa de batismo mais alta do que a Europa e uma taxa muito mais alta de comparecimento à missa em países com grandes populações católicas. Outra análise recente da CARA descobriu que Nigéria, Quênia e Líbano têm a maior proporção de católicos que vão à missa uma ou mais vezes na semana, com a Nigéria como líder evidente. Pelo menos 94% dos católicos na Nigéria dizem ir à missa pelo menos uma vez por semana. No Quênia, o número foi de 73% e no Líbano foi de 69%. Em comparação, países como Alemanha, França, Suíça e Holanda estão abaixo de 15%. No Brasil, o número de católocos que cumpre o preceito da missa dominical é de 8%.

A África contraria a tendência de declínio das vocações ao mostrar um aumento de seminaristas e irmãos religiosos, segundo estatísticas da Santa Sé de 2021. A África também viu o único aumento de seminaristas e irmãos religiosos em todo o mundo entre 2020 e 2021, de 0,6%. O número de irmãos religiosos na África aumentou 2,2% no mesmo período.

Nos EUA, onde vivem apenas 5% dos católicos do mundo, o quadro é menos otimista. O número de padres diocesanos nos EUA caiu 8% de 2013 a 2021. Há 27% menos irmãs, 19% menos irmãos e 15% menos padres religiosos em comparação com uma década atrás, embora o número de diáconos permanentes tenha aumentado ligeiramente, em 3%.

Segundo a General Social Survey, a frequência semanal à missa entre os católicos nos EUA caiu de 25% em 2012 para 17% em 2020-2021. A queda na participação sacramental nos Estados Unidos reflete as tendências globais.

“Além disso, perdemos mais de mil paróquias por meio de reorganizações e fechamentos desde 2013”, observou Gray.

“A oração diária caiu de 59% para 51% entre 2012 e 2020-2021. Ao contrário da missa, é possível rezar em casa e isso não deveria ter sido afetado pela pandemia. No mínimo, esperava-se que os católicos estivessem orando com mais frequência durante esse período”.

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