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Na Missa da Noite de Natal, em 24 de dezembro, é entoado o hino das calendas, que anuncia o nascimento de Jesus. Trata-se de uma tradição antiga e, segundo o padre Rafhael Maciel, liturgista da arquidiocese de Fortaleza (CE), “as calendas servem para firmar a fé na divindade e na humanidade do Filho de Deus”.
O hino das calendas tem este nome por causa da primeira frase no latim, “Octavo Kalendas Ianuarii”, que em português é “Oitavo dia antes das calendas de janeiro”. Calendas, em latim, é o primeiro dia do mês, daí a palavra “calendário” do português.
“O hino das calendas é um anúncio que começa narrando a criação do mundo e segue percorrendo os maiores acontecimentos narrados pela Bíblia, além dos grandes acontecimentos do mundo romano, na época do nascimento de Jesus”, disse.
Segundo o padre Rafhael, “a Igreja já proclamava esse texto das calendas desde o século IV, porque já estava presente no Martirológio Romano”.
“Recomenda-se que se proclamem as calendas na Missa da Noite do Natal, pois diz da preparação e da manifestação do Verbo Eterno na história”, acrescentou. Segundo a rubrica do Missal Romano, este hino deve ser entoado nos ritos iniciais da Missa da Noite de Natal e pode ser proclamado “durante a procissão inicial, como se faz no Vaticano, ou logo após a chegada do sacerdote ao presbitério, antes mesmo do sinal da cruz”, disse o padre.
Para o padre Rafhael Maciel, as calendas do Natal “ajudam a refletir na realidade profunda da encarnação do Verbo” e “inclusive recorda o estilo do Prólogo do Evangelho de São João, , porém fazendo uma visão ainda mais ampliada como Deus e os homens foram se relacionando ao longo do tempo e da história até a chegada de Jesus Cristo, e seu nascimento”.
“Os fatos narrados no texto das calendas servem para que se possa reafirmar de modo absoluto a veracidade histórica seja dos fatos narrados seja o nascimento de Jesus e a encarnação do Verbo, combatendo as heresias contrárias à encarnação do Verbo Divino”, completou.
A seguir, o texto das calendas de Natal:
(Oitavo dia antes das Calendas de janeiro. Lua décima segunda)
Transcorridos muitos séculos desde a criação do mundo
quando no princípio Deus criou o céu e a terra
e formou o homem à sua imagem;
depois de muitos séculos desde que, após o dilúvio
o Altíssimo pusera entre as nuvens o arco
sinal de aliança e de paz;
vinte e um séculos depois que Abraão, nosso pai na fé,
migrou da terra de Ur dos Caldeus;
treze séculos depois da saída
do povo de Israel do Egito, conduzido por Moisés;
cerca de mil anos depois a unção real de Davi;
na sexagésima quinta semana segundo a profecia de Daniel;
durante a Olimpíada centésima nonagésima quarta;
no ano setecentos e cinquenta e dois da fundação de Roma;
no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto,
quando a paz reinava em toda a terra,
JESUS CRISTO, DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI,
querendo santificar o mundo com o seu piíssimo advento,
concebido pelo Espírito Santo,
decorridos nove meses após a sua concepção,
nasceu em Belém de Judá,
da Virgem Maria, feito homem:
Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne.