Acidigital
O papa Francisco ordenou a transferência da sé primaz da Argentina de Buenos Aires para Santiago del Estero, que se tornou arquidiocese.
A decisão deve-se a um reconhecimento de Santiago del Estero como primeira diocese do país e “não implica qualquer mudança jurisdicional na organização eclesiástica argentina”.
Em geral, a primeira diocese de um país é a diocese primaz. Por isso, a diocese de Salvador, hoje arquidiocese, criada em 1551, é a primaz do Brasil.Dom Miroslaw Adamczyk, núncio apostólico na Argentina, disse hoje (22) à agência de notícias católica argentina AICA que o papa decidiu “transferir o título de Primaz da Argentina da sé metropolitana de Buenos Aires para a sé de Santiago del Estero e, segundo o cânon 438 do Código de Direito Canônico, conceder o título de arcebispo ao bispo pro tempore da mesma Sé de Santiago del Estero”, dom Vicente Bokalic.
Assim, o papa ordenou “elevar a Sé diocesana de Santiago del Estero ao grau e dignidade de Sé Arcebispal, permanecendo como sufragânea da Sé Metropolitana de Tucumán”.
Consequentemente, “revogando o Decreto da Sagrada Congregação Concisiva eclesiástica provincia Bonaërensis, de 29 de janeiro de 1936, pelo qual o título de Primaz da Argentina foi conferido ao Arcebispo pro tempore de Buenos Aires”.
Ao saber da notícia, o arcebispo de Buenos Aires, dom Jorge García Cuerva; e o bispo de Santiago del Estero, dom Vicente Bokalic, publicaram uma declaração conjunta, dirigida ao povo de Deus, considerando esse fato “uma importante reparação na história eclesiástica em nossa Pátria”.
A menção à sé primaz é “um título de honra”, dizem os bispos, que Buenos Aires leva desde 1936, uma distinção “reservada à primeira diocese em território nacional”, mas que, no entanto, “não carrega consigo qualquer mudança jurisdicional na organização eclesiástica argentina”, dizem. Por isso, os bispos encorajam a viver essa decisão papal “com uma profunda alegria de viver na verdade, que nos torna sempre livres e também como um convite a ter uma visão integradora do território nacional num renovado propósito federal, mesmo a partir da estrutura eclesial”.A bula papal que ordena a transferência “será executada em Buenos Aires no domingo, 25 de agosto, e em Santiago del Estero no sábado, 7 de setembro”, acrescentaram.
Mãe das cidades, mãe da diocese
A decisão papal, dizem os bispos em sua carta, “tem seu fundamento histórico no fato de que, em 1570, São Pio V criou a então chamada Diocese de Tucumán, com sede no que hoje é a antiga cidade de Santiago del Estero”.”Isso aconteceu pelo fato de que, em 1563, por ordem do rei da Espanha, o antigo Tucumán foi separado da jurisdição do Chile e tornou-se dependente da Audiência de Charcas”, dizem.
“O documento pontifício que cria essa nova jurisdição eclesiástica, para atender pastoralmente o território separado do Chile, tem a data de 14 de maio de 1570. Desde o início, a então diocese de Tucumán incluía Córdoba, La Rioja, Catamarca, Tucumán, Santiago del Estero, Salta, Jujuy, Tarija e Nueva Orán”, acrescentam.
Por essa razão, a catedral daquela primeira diocese, do que mais tarde se tornaria a República da Argentina, foi a Igreja de San Pedro e San Pablo, localizada no território da atual diocese de Santiago del Estero.
“Em 1699, quando a Sé Episcopal foi constituída na Cidade de Córdoba, ela incluiu o território da primitiva Diocese de Tucumán”, disseram, criando apenas em 1907 a agora diocese de Santiago del Estero, “em cujo território funcionava a antiga e primeira Sé Episcopal de Tucumán, onde ressoou pela primeira vez, na voz de um sucessor dos Apóstolos, o Evangelho do Senhor nestas terras cujo futuro será a Argentina”.
A decisão do papa é feita em homenagem aos acontecimentos históricos, que de 1936 até agora colocaram a sé primaz em Buenos Aires, por ter sido a primeira arquidiocese do país.
“Santiago del Estero durante séculos cunhou o glorioso título de ‘Mãe das Cidades’, e escolhida para ser um centro de difusão do Evangelho, é também ‘Mãe de Diocese’ na República da Argentina; portanto, há razões de sobra para homenageá-la como Primaz”, concluem dom García Cuerva e dom Bokalic.
