Acidigital
O papa Francisco começou hoje (13) a pregar sobre as virtudes, depois de revisar os vícios em audiências gerais anteriores, desde 27 de dezembro do ano passado. Devido ao seu estado de saúde, ele mais uma vez entregou a leitura da catequese a um colaborador, desta vez, monsenhor Pierluigi Giroli.
No início, com uma voz rouca, o papa disse: “Bom dia. Dou-lhes as boas-vindas, ainda estou um pouco resfriado, por isso pedi ao monsenhor para ler a catequese. Estejamos atentos, acredito que nos fará muito bem. Muito obrigado”.
Na catequese, o papa Francisco destacou que “por mais difícil que seja, o ser humano é feito para o bem, que o realiza verdadeiramente, e também pode praticar essa arte, fazendo com que certas disposições se tornem permanentes nele”.
Com base nos termos clássicos virtus e areté, expressos em latim e grego, o papa explicou que “o exercício das virtudes é fruto de uma longa germinação, que exige esforço e até sofrimento” e que a pessoa virtuosa é ” aquela que não se distorce pela deformação, mas é fiel à sua vocação e realiza-se plenamente”.
“Estaríamos errados se pensássemos que os santos são exceções à humanidade: uma espécie de círculo estreito de campeões que vivem além dos limites da nossa espécie”, acrescentou o papa Francisco. Em vez disso, observou, eles são “aqueles que se tornam plenamente eles mesmos, que realizam a vocação própria de cada homem”, e é por isso que agir segundo a virtude “deve ser redescoberto e praticado por todos”.
O papa Francisco lembrou que o Catecismo da Igreja Católica oferece uma definição “precisa e concisa” de virtude como “uma disposição habitual e firme para praticar o bem”. Nesse sentido, destacou que “não se trata, portanto, de um ato improvisado e um tanto aleatório, que cai dos céus de forma episódica”.
A virtude, acrescentou, “é um bem que nasce de um lento amadurecimento da pessoa, até se tornar uma característica interior. A virtude é um habitus [hábito] de liberdade”, de modo que “se somos livres em todos os atos, e sempre somos chamados a escolher entre o bem e o mal, a virtude é o que nos permite ter o costume de fazer a escolha certa”.
Como adquirir a virtude?
O papa Francisco ofereceu algumas chaves sobre de como é possível adquirir a virtude. Ele ressaltou que “para o cristão, o primeiro socorro é a graça de Deus” e que, por meio do batismo, o Espírito Santo atua “na nossa alma para conduzi-la a uma vida virtuosa”.
Francisco também lembrou que “a virtude cresce e pode ser cultivada. E para que isso aconteça, o primeiro dom do Espírito a ser pedido é precisamente a sabedoria”, que permite “aprender com os erros para dirigir bem a vida”.
Em terceiro lugar, o papa Francisco considerou necessário apelar para a “boa vontade: a capacidade de escolher o bem, de nos moldarmos com o exercício ascético, evitando os excessos”.
Para concluir a primeira catequese sobre a virtude, o papa Francisco encorajou a iniciar um caminho “através das virtudes, neste universo sereno que se apresenta desafiador, mas decisivo para a nossa felicidade”.
Papa recebe o terço de um soldado morto na guerra
Depois da leitura da catequese e dos resumos correspondentes em diferentes línguas, bem como das saudações aos peregrinos nos diferentes idiomas, o papa Francisco tomou a palavra novamente para saudar os fiéis de língua italiana.
Francisco conseguiu ler o breve texto, embora tenha tossido algumas vezes ao final de alguns parágrafos.
De maneira improvisada, o papa disse que havia recebido hoje, no décimo primeiro aniversário de seu pontificado, um terço e um Evangelho de um soldado que morreu na guerra.
“Por favor, persevere em oração por aqueles que sofrem as terríveis consequências da guerra. Hoje me trouxeram um terço e um Evangelho de um jovem soldado que morreu na linha de fronte. Ele rezava com isso. Muitos jovens, muitos jovens vão para morrer! Peçamos ao Senhor para que nos dê a graça de vencer essa loucura da guerra, que é sempre uma derrota”, disse o papa Francisco.