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Um poema ao Sagrado Coração de Jesus

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Equipe Christo Nihil Præponere

Esta “Balada do Sagrado Coração” foi escrita em 1950, por Dom Marcos Barbosa, e consta em seus “Poemas do Reino de Deus” [i]

(A palavra balada, aqui, é empregada na acepção de “poema popular… que narra um acontecimento real ou fabuloso”, na definição do Dicionário Caldas Aulete. Não é sinônimo de boate nem de discoteca.)

Dom Marcos é natural da cidade de Cristina (MG), esteve diretamente envolvido na tradução brasileira do Ofício Divino, tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras em 1980 e faleceu em 1997.


Balada do Sagrado Coração

Eu fui hóspede e me recebeste.
Houve um lugar na tua casa para o meu coração.
Meu coração era grande,
a casa pequena,
mas coube.
Um coração cabe em qualquer parte.

Outrora, quando eu vim ao mundo, as portas se fecharam. 
Não havia lugar para mim, 
que ia nascer dentro em pouco. 
Temiam o choro da criança,
o choro da criança na noite. 

E então eu aprendi a fazer-me menor,
menor que um recém-nascido.
Haverá sempre lugar para um coração
rubro e mudo. 

Os homens agora não hesitam em pôr-me
como um sinal na sua parede.
Introduzem-me, tranquilos, nas suas casas,
como se estivessem apenas espetando em fundo branco
uma rosa escarlate,
uma borboleta vermelha… 

Não sabem, imprudentes, a que deram guarida,
não sabem o que colocam no íntimo do seu lar, 
no recesso mesmo da sua família. 
Não suspeitam o mundo de paixões e de pecados em mim escondidos, 
a fonte de pranto e de fel, 
e de doçura, 
que em mim se contém. 

Suspende-me, imprudente, na tua parede
e esquece-me,
e não me olhes mais, 
porque senão terás destruído para sempre as últimas barreiras que te defendiam,
as últimas paredes que te separavam dos outros homens, 
que te separavam até dos mortos. 
Tua casa se torna uma imensa estalagem, 
repleta como a de Belém. 
Pois tudo o que se passa no mundo repercute no coração,
fruto ou semente,
que ousaste introduzir na tua casa. 

Esquece, se preferes, que me puseste na tua parede. 
Mesmo assim, 
eu talvez um dia produza o incêndio com que não contas,
brasa entre cinzas.

Mas, se tiveres coragem, olha-me de vez em quando
e experimenta então se serás capaz de resistir ao convite:
“Filho, dá-me o teu coração,
pois o meu amor é forte como a morte: 
as grandes águas não o podem extinguir…”

Põe-me na tua parede e esquece-me.
Mas, se quiseres, lembra-te e olha.
Debruça, se tiveres coragem, na minha chaga,
e um dia verás lá dentro, de repente, 
encerrada no coração intruso,
a casa que o parecia conter… 

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