Acidigital
Antes da oração do Regina Coeli de hoje (23), papa Francisco destacou que “como os discípulos de Emaús, somos chamados a conversar” com Jesus “para que, ao anoitecer, Ele permaneça conosco (cf. v. 29)”.
Apoiado no Evangelho de Lucas 24,13-35, desse III Domingo de Páscoa, Francisco relata a narração do encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús, no qual, “dois discípulos que, resignados com a morte do mestre, no dia de Páscoa decidem deixar Jerusalém e voltar para casa”.
Papa Francisco indica que “talvez” os dois “tenham ficado um pouco inquietos, porque ouviram as mulheres que saíram do sepulcro e disseram que estava vazio…e vão embora”. “Enquanto caminham tristes conversando sobre o ocorrido, Jesus se une a eles, mas eles não o reconhecem”, frisou. E Jesus “pergunta por que estão tão tristes, e eles lhe dizem: “És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?”” E Jesus responde com uma pergunta: “O quê? E eles lhe contam toda a história”, disse o papa.
Francisco ressalta que enquanto caminham, Jesus “os ajuda a reler os fatos de uma maneira diferente, à luz das profecias, da Palavra de Deus, de tudo o que foi anunciado ao povo de Israel. Reler: é o que Jesus faz com eles, ajuda a reler”, enfatizou.
E detendo-se a essa situação, papa Francisco diz que, “também para nós é importante reler a nossa história junto com Jesus: a história da nossa vida, de um determinado período, dos nossos dias, com as desilusões e esperanças”.
“Por outro lado, também nós, como aqueles discípulos, diante do que nos acontece, podemos nos encontrar perdidos diante dos eventos, sozinhos e incertos, com muitas perguntas, preocupações, desilusões e muitas coisas. O Evangelho de hoje nos convida a contar tudo a Jesus, com sinceridade, sem medo de incomodá-lo; Ele escuta, sem medo de dizer coisas erradas, sem nos envergonharmos de nossa dificuldade de compreensão. O Senhor fica feliz quando nos abrimos a Ele; só assim pode tomar-nos pela mão, acompanhar-nos e fazer arder novamente o nosso coração (cf. v. 32), aconselhou Francisco.
Com isso, o papa propôs aos fiéis “uma bela forma” de fazer isso: “ dedicar o tempo, todas as noites, a um breve exame de consciência”.
“O que aconteceu hoje dentro de mim? Essa é a questão. Trata-se de reler o dia com Jesus: abrir-lhe o coração, levar-lhe as pessoas, as escolhas, os medos, as quedas e as esperanças; todas as coisas que aconteceram, para aprender gradualmente a olhar as coisas com outros olhos, com os seus olhos e não apenas com os nossos. Podemos assim reviver a experiência daqueles dois discípulos. Diante do amor de Cristo, até o que parece cansativo e mal sucedido pode aparecer sob outra luz: uma cruz difícil de abraçar, a escolha do perdão diante de uma ofensa, uma vingança fracassada, o cansaço do trabalho, a sinceridade que custa, as provações da vida familiar poderão aparecer-nos sob uma luz nova, a luz do Crucificado Ressuscitado, que sabe fazer de cada queda um passo adiante”, ressaltou.
“Mas para isso”, destacou o papa, “é importante retirar as defesas: deixar tempo e espaço para Jesus, não lhe esconder nada, trazer-lhe a miséria, deixar-se ferir pela sua verdade, deixar o coração vibrar ao sopro da sua Palavra”.
“Podemos começar hoje, dedicando esta noite um momento de oração durante o qual nos perguntar: como foi o meu dia? Quais as alegrias, as tristezas, as coisas chatas? Como foi? O que aconteceu? Quais foram as pérolas do dia, talvez escondidas, pelas quais agradecer? Houve um pouco de amor no que eu fiz? Quais são as quedas, as tristezas, as dúvidas e medos para levar a Jesus a fim de que Ele me abra novos caminhos, me levante e me encoraje?”, reforçou.
Concluindo, Francisco pediu “que Maria, Virgem sábia”, ajude a todos “a reconhecer Jesus que caminha conosco e a reler; Eis a Palavra: reler, diante Dele todos os dias de nossas vidas”.