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Por que celebramos as Oitavas?

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Equipe Christo Nihil Præponere

Há tempos a Igreja percebeu a necessidade de mais de um dia para contemplar os sublimes mistérios celebrados nas principais festas de nossa fé, como o do nascimento virginal de Jesus e o do sepulcro vazio, dando origem as oitavas. É preciso ter tempo para refletir sobre o que Deus está revelando nesses dias santos e experimentá-lo em nosso coração.

Por isso, há muitos séculos a Igreja tem o costume de prolongar por oito dias a celebração de algumas das principais festas do calendário litúrgico, inclusive a Páscoa e o Natal. O dia da festa em si é o primeiro dia da Oitava, e o oitavo dia é chamado de Oitava. Portanto, o termo Oitava pode se referir tanto ao oitavo dia como ao período todo de oito dias.

Supõe-se que a duração dessas celebrações ampliadas tenha origem no Antigo Testamento, onde vemos a Festa dos Tabernáculos (ou das Tendas) celebrada pelos antigos judeus (cf. Lv 23, 36) durar sete dias, mas rematar-se com uma celebração solene no oitavo. A circuncisão acontecia no oitavo dia após o nascimento do filho (cf. Lv 12, 3) e certos sacrifícios eram prescritos para o oitavo dia (cf. Lv 14, 10-23; 15, 14-29; Nm 6, 10). 

As festas da dedicação do Templo sob o rei Salomão (cf. 2Cr 7, 9) e da purificação do Templo sob Ezequias (cf. 2Cr 29, 17) duravam também oito dias. Imitando a dedicação do antigo Templo, o primeiro registro de uma Oitava litúrgica cristã é o das celebrações dos oito dias de dedicação das basílicas do século IV, em Jerusalém e em Tiro, sob o imperador Constantino (337 d.C.).

Do século IV em diante, aumenta o número de registros históricos sobre a celebração de Oitavas. Algumas delas eram feriados: proibia-se o trabalho e os tribunais e teatros permaneciam fechados. Depois que a Páscoa, Pentecostes e o Natal ganharam Oitavas, quase todas as festas solenes as ganharam, como a de Todos os Santos, da Epifania, da Ascensão, de Corpus Christi e as festas dos nossos santos mais honrados e gloriosos, como São João Batista, São Pedro e São Paulo.

Há muitos séculos a Igreja tem o costume de prolongar por oito dias a celebração de algumas das principais festas do calendário litúrgico.

Certas épocas do ano tinham às vezes quinze festas com Oitavas, o que sobrecarregou o calendário litúrgico com muitas celebrações sobrepostas. No século XVI, o Papa Pio V julgou necessário reduzir o número de Oitavas e desenvolver um sistema complexo de classificação e de rubricas para as muitas que ainda existiam. Reformas adicionais foram promulgadas no final do século XIX e no início do XX durante os pontificados de Leão XIII e de Pio X.

Em 1955, Pio XII eliminou todas as Oitavas do calendário da Igreja, exceto a de Páscoa, a de Pentecostes e a de Natal. Em 1969, também foi suprimida a Oitava de Pentecostes, uma celebração que por muitos séculos só ficava abaixo da Páscoa.

Por que celebramos as Oitavas?
Missa da Noite de Natal, na Igreja do Oratório em Londres, 2015. Foto: New Liturgical Movement.

Hoje, a Oitava de Natal contém vários outros dias de festa: a da Sagrada Família, a de Santo Estêvão, a de São João Evangelista, a dos Santos Inocentes, a de São Tomás Becket e a do Papa São Silvestre. Cada uma delas nos conduz ao seu modo para a Natividade de Nosso Senhor, ajudando-nos a refletir sobre as implicações da Encarnação do Verbo, que veio morar conosco.

O oitavo dia da Oitava de Natal é a bela Solenidade de Maria, Mãe de Deus. Embora essa festa tenha sido celebrada em diferentes datas do calendário da Igreja ao longo dos séculos, finalmente lhe foi devolvido seu lugar antigo: 1.º de janeiro do calendário romano, um momento adequado para venerar a Mãe do Verbo Encarnado e imitar a fé dela enquanto iniciamos um novo ano no calendário civil (cf. Marialis Cultus, n. 5).

Ao contrário da Oitava de Natal, os primeiros sete dias da Oitava de Páscoa não possuem outras comemorações ou festas. Assim, toda a nossa atenção é voltada para o Senhor ressuscitado. Na verdade, cada um dos dias da Oitava de Páscoa é em si uma solenidade, uma “mini-Páscoa”.

Durante a Oitava de Páscoa, as leituras da Missa nos falam da bela história da Ressurreição, para que possamos dedicar tempo à meditação do fato de que o Calvário não foi o fim. Cada um de nós pode unir-se à tristeza, à confusão e, por fim, à alegria dos discípulos na estrada para Emaús. Como Maria Madalena, podemos encontrar o Senhor ressuscitado no jardim. Em nosso coração, podemos correr com Pedro e João para ver o sepulcro vazio.

O oitavo e último dia da Oitava de Páscoa foi por séculos chamado Domingo in albis [“em vestes brancas”], para estabelecer um contraste com a grandiosidade do Domingo de Páscoa. Em abril de 2000, no entanto, por determinação do Papa João Paulo II, que respondeu às revelações privadas de Santa Faustina Kowalska (1905-1938), o Domingo in albis passou a ser o Domingo da Divina Misericórdia.

Embora já não celebremos as muitas Oitavas outrora observadas em toda a Igreja, as remanescentes (de Natal e de Páscoa) nos dão uma oportunidade ímpar de celebrar e meditar. Ampliando para oito os dias de observância destas duas solenidades sacras, a Igreja nos chama a entrar de modo mais profundo nos dois grandes mistérios que estão no princípio e no fim da vida terrena de Nosso Senhor.

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